Intoxicação alimentar: causas e tratamento
Uma intoxicação alimentar é definida como uma doença causada pelo consumo de alimentos ou água contaminados com bactérias e/ou as suas toxinas, ou com parasitas, vírus, ou produtos químicos.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), esta doença tem maior incidência em África e América do Sul, mas existe também na Europa, mesmo em países industrializados. Uma investigação global da OMS sobre a diarreia estima que cerca de 23 milhões de europeus sofrem de doenças relacionadas com a ingestão de alimentos contaminados, com quase cinco mil mortes ao ano.
Mas o que é exatamente a intoxicação alimentar e como prevenir? Continue a ler para saber mais.
O que é uma intoxicação alimentar?
Na origem desta doença está a ingestão de alimentos ou bebidas contaminadas com micro-organismos que produzem diversas toxinas.
Estes micro-organismos patogénicos são, na sua maioria, as bactérias e os vírus – sendo o Norovírus o mais comum - que podem contaminar os alimentos em qualquer ponto de produção e armazenamento.
Causas mais comuns de intoxicação alimentar
As causas mais comuns de intoxicação alimentar são as seguintes:
Deixar alimentos preparados a temperaturas que permitem o crescimento bacteriano;
Alimentos mal cozinhados ou reaquecidos;
Contaminação cruzada entre alimentos crus contaminados e outros alimentos;
Quando as pessoas que manipulam alimentos estão contaminadas.
A lista abaixo classifica alguns dos principais causadores de intoxicação alimentar:
Bactéria Staphylococcus aureus – Os sintomas começam 30 minutos a 8 horas após a exposição. Caracterizam-se por náuseas, vómitos e cólicas estomacais. A maioria das pessoas tem diarreia.
Fontes comuns de alimentos: alimentos que não são cozinhados após o manuseio, tais como carnes fatiadas, pudins, doces e sanduíches.
Vibrio - Os sintomas começam 2 a 48 horas após a exposição: diarreia aquosa, náuseas, cólicas estomacais, vómitos, febre e calafrios.
Fontes comuns de alimentos: mariscos crus ou mal cozidos, principalmente ostras.
Bactéria E. Coli – Os sintomas começam três a quatro dias após a exposição. Caracterizam-se por fortes cólicas estomacais, diarreia (geralmente com sangue) e vómitos.
Fontes comuns de alimentos: carne moída crua ou mal cozida, leite e sumo de alimentos crus (não pasteurizados), vegetais crus (tais como alface), brotos crus e água contaminada.
Norovírus – Os sintomas começam entre 12 a 48 horas após a exposição. Caracterizam-se por diarreia, náuseas/dor de estômago e vómitos.
Fontes comuns de alimentos: folhas verdes, frutas frescas, marisco (como ostras) ou água contaminada. Outras fontes podem ser pessoas ou superfícies infectadas.
Bactéria Salmonella – Os sintomas começam 6 horas a 6 dias após a exposição. Caracterizam-se por diarreia, febre, cólicas estomacais e vómitos.
Fontes comuns de alimentos: frango, peru e carne crus ou mal cozidos; ovos; leite e sumo não pasteurizados (crus); frutas e vegetais crus.
Clostridium perfringens - Os sintomas começam 6 a 24 horas após a exposição: diarreia, cólicas estomacais. Normalmente começa de repente e dura menos de 24 horas. O vómito e a febre não são comuns.
Fontes comuns de alimentos: carne de vaca ou frango, especialmente grandes assados; molhos; alimentos secos ou pré-cozinhados.
Bactéria Clostridium botulinum (Botulismo) - Os sintomas começam 18 a 36 horas após a exposição: visão dupla ou turva, fala arrastada, pálpebras caídas, dificuldade em engolir e respirar, boca seca. Fraqueza muscular e paralisia. Os sintomas começam na cabeça e descem à medida que a doença piora.
Fontes comuns de alimentos: alimentos enlatados ou fermentados inadequadamente, geralmente caseiros.
Bactéria Campylobacter - Os sintomas começam 2 a 5 dias após a exposição: diarreia (frequentemente com sangue), cólicas/dores de estômago e febre.
Fontes comuns de alimentos: Aves cruas ou mal cozidas, leite (não pasteurizado) e água contaminada.
Sintomas de intoxicação alimentar
Os sintomas de intoxicação alimentar podem começar horas após a ingestão de alimentos ou água contaminados e geralmente começam dentro de um a dois dias.
Os principais sintomas incluem:
náusea
vómitos
diarreia
cólicas estomacais e dores abdominais
falta de energia e fraqueza
perda de apetite
febre (temperatura corporal superior ou igual a 38ºC)
músculos doloridos
arrepios
Intoxicação alimentar vs. Gastroenterite viral
Pode já ter lido intoxicação e gastroenterite viral como termos sinónimos, mas há diferenças.
A intoxicação alimentar ocorre quando organismos infecciosos como bactérias , vírus ou parasitas contaminam os alimentos. E a gastroenterite viral pode ser causada por vários vírus. Os vírus que causam infeção alimentar com mais frequência incluem norovírus, rotavírus e adenovírus.
Os sintomas, na maioria das vezes, são parecidos, mas não iguais.
Como evitar uma intoxicação alimentar
Há certas coisas que pode fazer, e evitar fazer, para reduzir a probabilidade de sofrer uma intoxicação alimentar.
Por exemplo, tenha sempre o cuidado de verificar se os alimentos estão cozinhados adequadamente. Lave as mãos antes de comer. Se está no estrangeiro, evite beber água da torneira ou comer alimentos de vendedores de rua.
Chegou o verão! Deve redobrar a sua atenção para evitar uma intoxicação alimentar
Devido às elevadas temperaturas, favoráveis ao crescimento de micro-organismos, o risco de intoxicação alimentar é superior, uma vez que os alimentos ficam mais suscetíveis à deterioração. Por esta razão, o Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS), da Direção-Geral da Saúde (DGS), partilha recomendações para uma alimentação saudável e equilibrada durante a época balnear:
Mantenha os alimentos à sombra, longe da exposição solar direta.
Prefira alimentos que não se alterem com o calor como o pão, conservas, frutos oleaginosos e algumas frutas e hortícolas previamente lavadas.
Se optar por alimentos mais perecíveis (iogurtes, queijo, alguns tipos de frutas como melancia, melão, meloa, pêssego, cerejas), deve acondicioná-los numa geleira ou mala térmica, colocando placas frias para manter a refrigeração.
Prepare os alimentos preferencialmente no próprio dia. Lave previamente as mãos e utensílios, não devendo utilizar os mesmos materiais para diferentes géneros alimentícios, quer em cru, quer confecionados.
Lave os alimentos frescos em casa e transporte-os numa caixa fechada.
Se não for possível levar consigo uma mala térmica ou geleira, não deve transportar para a praia: molhos (por exemplo, maionese ou natas), marisco, lacticínios (principalmente iogurtes e queijo fresco), quiches, empadas, folhados, gelatina e produtos de pastelaria com cremes.
Tratamento para a intoxicação alimentar
Mesmo ao tentar prevenir esta doença, pode ainda assim vir a ocorrer. Há algumas medidas que as pessoas podem tomar em casa para recuperar de uma intoxicação alimentar:
Tente não comer quaisquer alimentos sólidos até a diarreia ter passado.
Deve beber muitos líquidos para evitar a desidratação. Evitar sumos ou outras bebidas com açúcar, que possam piorar a diarreia.
Volte a comer sólidos devagar. Comece com alimentos fáceis de digerir, tais como bolachas salgadas e arroz. Pare de comer se uma sensação de náusea voltar.
Evite certas substâncias até se sentir melhor, ou durante alguns dias a uma semana após os sintomas terem sido resolvidos. Isto inclui laticínios, cafeína, álcool, açúcar e alimentos gordos ou altamente temperados.
Caso os sintomas persistam por mais de três dias é recomendável procurar aconselhamento de um profissional de saúde.
Leia mais sobre outros modos de evitar a intoxicação alimentar
Produtos Relacionados
Artigos Relacionados
Todo
Como impedir que a diarreia afete as suas férias
Descubra formas de evitar intoxicações alimentares no estrangeiro.